21 setembro 2010

Academia de tênis (Brasília existe?) Rio, 20/09/2010

Fui com minha galera do teatro fazer o Púcaro Búlgaro em Brasília, pela enésima vez viajando juntos e dessa vez cumprindo compromissos com patrocínio já há tempos estabelecido.

Nos enfiaram numa pocilga de nome “Academia de Tênis” que se antes soava como um resort chique e aprazível mostrou-se ser um dos mais desagradáveis lugares onde já estive. Casinhas conjuminadas de arquitetura americanóide e um ar assaz decadente.

De cara na casinha que estava reservada pra mim e pra minha gata (que por azar foi comigo esperando outra coisa), uma enorme barata nos esperava num ambiente mofado e sujo com uma colcha manchada num ambiente que parecia não ter ventilação há anos.

Mudamos, claro, de casinha, mas mesmo assim, feliz não fiquei.

Toalhas esfiapadas, banheira encardida, paredes precisando de pintura, ar condicionado barulhento e pias pingando deram o contorno de um cenário de horror, mas mesmo assim ainda foi o de menos.

Minha gata passou mal depois de um antipasto sinistro e pela manhã (depois de uma noite não dormida) comeu tão somente uma banana no café da manhã e depois me dei conta que me cobraram vinte e cinco reais pelo fato dela não estar na lista dos artistas-hóspedes e sim como minha acompanhante. Um inferno. Mas, paciência, Brasília.

Como se não bastasse deu-se o pior. Na minha ausência de duas horas para almoçar uma camareira mal intencionada e bandida revirou minha bolsa que deixei no hotel e fez uma enorme bagunça nas minhas coisas pessoais, deixando fechos abertos pela metade, papéis amassados, minha carteira aberta e minha nécessaire também uma zona. Perplexo, pedi pra falar com o gerente, que me disse que ia tomar providências mas calou-se, mais tarde já tinha ido “descansar” segundo a atendente e nunca mais me deu um parecer sobre o ocorrido.

Fico pensando se em Brasília essa é a ética vigente, que perpassa por todos, todas as classes, a permissão é geral, a bandidagem é regulalizada e eu, pobre e honesto cidadão carioca não reconhece como razoável. Talvez eu seja exigente demais, mas fui educado num tempo e por pessoas que me ensinaram que o certo era cada um fazer o seu e honestidade não era só uma palavra mas tinha um sentido por trás.

Adeus, Brasília, gerente, camareira, barata e mofo, o que na minha cabeça, a partir de agora, passou a ser tudo uma coisa só.